sábado, 31 de outubro de 2009

MARATONA DE BUENOS AIRES, Outubro de 2009. A SAGA!





Resolvi fazer a minha 1ª maratona internacional, 3ª no total.
Preparação desde o ano passado.
Para não ter erro, 6 meses antes da prova já tinha me inscrito.
5 meses antes da prova já fecho o pacote de viagens.
Tudo com muita antecedência.
Sem stress...

SAGA 1, o início

Gripe Suína na Argentina, Gripe Suína no Brasil, várias pessoas doentes.
Não posso pegar a tal da gripe, de jeito nenhum.
Boatos de que a prova seria cancelada.
Já paguei tudo e os treinos já começaram.
Plano B? Nem pensar.
Entro semanalmente no site da prova para conferir. Tudo certo.
Treinos, provas-testes, dieta, alimentação, fome, sede, cansaço, trabalho, família.
Tudo de uma vez.
Faz parte.
Início de outubro.
Pelo jeito a prova será realizada mesmo. Um stress a menos.

SAGA 2, dia da viagem

9/10, Sexta-Feira. Véspera de feriado.
Calculamos para chegar no aeroporto com três horas de antecedência.
Agora é o momento de relaxar.
Fila de 40 minutos para o check-in na TAM.
Tudo bem, temos tempo de sobra.
Apresentamos nossos documentos. CNH com RG.
Descobrimos na hora, de que a CNH não é válida para viagens internacionais. Só nacionais.
Precisava do RG original ou do Passaporte.
Fico branco e com as pernas bambas.
Passou um filme na minha cabeça: investimento, meses de treino, tudo indo por água abaixo.
Já sabia que todos os voos estavam LOTADOS.
E agora? Desespero total.
Nos falam que tem um Poupatempo em Guarulhos.
Tínhamos duas horas para o voo.
Pegamos um táxi e “voamos” para lá.
Documentação, fotos, toca o piano.
Falo com o supervisor para acelerar o processo.
Fizemos tudo desesperadamente e voltamos ao aeroporto.
O voo tinha fechado há 10 minutos.

SAGA 3, será que vou?

Aeroporto lotado.
Vamos para a loja da TAM para remarcar o voo.
Fila interminável. Uma hora de espera.
Chegamos. Todos os voos lotados. O único que tinha seria no sábado às 20:00.
Impossível. A prova era no domingo de manhã.
Ligo pra agência de viagens. Realmente estava tudo lotado, mas...
Tinham dois lugares no voo da Gol.
Já tínhamos perdido a ida, mas ainda tinha o resto da viagem.
Vou comprar os bilhetes da ida e o resto continua igual.
Nessa hora, eu nem pensava mais no prejuízo financeiro...
Só no prejuízo emocional e físico, esses incalculáveis.
Fomos para a loja da Gol. Uma hora de fila de novo.
Chegamos. Os dois lugares já tinham sido vendidos.
Já comecei a desanimar. Muito nervosismo.
Pensei: já que estou treinado e pronto para a prova, no domingo de manhã faço
igual ao Forrest Gump: saio por São Paulo, corro 42 km e volto pra casa!
As únicas opções eram ficar o dia inteiro entrando nas filas de espera dos voos.
Colocamos os nomes no próximo voo da TAM.
Fomos colocar os nomes nas listas da Gol.
Eis que surgem dois novos lugares na Gol. Comprei na hora.
Bom, pelo menos conseguimos embarcar no voo das 18:00.
Chegamos no hotel em Buenos Aires lá pela 22:00.
Tínhamos saído de casa às 6:30.
Muito nervosismo, cansaço e adrenalina do dia, misturada com a adrenalina da prova.
Foi difícil relaxar, jantar e dormir.

SÁBADO, dia anterior da prova

Tudo certo. Tranquilo.
Retirada do kit da prova.
Passeio.
Almoço.
City tour. Por coincidência, o passeio passava em vários bairros e locais da maratona.
Agora sim deu para relaxar.


Estádio do Boca


Fazendo amizades


Alongamento pré-prova com personal trainer


Escutando algumas dicas da prova


19:00. Começa uma chuva infernal. Raios e trovões.
Não estou acreditando. Acho que não era para eu vir!
Tivemos que sair de guarda-chuva para jantar.
A chuva não parava. Agora estou preocupado.
Peço ao hotel para chamar um táxi para às 6:00.
Melhor garantir.


DOMINGO, a prova


A chuva parou de madrugada.
Acordamos às 5:00.
6:00. Cadê o táxi? Não conseguiram achar um.
Saímos na rua à procura.
Depois de andar por alguns quarteirões, conseguimos. Não precisava desse stress!
Chegamos na arena do evento.
Encontramos o ponto de encontro da nossa equipe, a Run&Fun.
Bate-papo, alongamento, fotos, banheiro.



Céu preto.
Deixo um par de meias e uma caixa de band-aid com a Renata.
Se chovesse muito durante a prova, trocaria as meias em algum dos pontos da prova que a Renata estaria para me fotografar.
Aproveitaria para cobrir as bolhas dos pés com o band-aid.
Também deixo uma garrafa de Coca-Cola com ela.
Testei no treino e foi bom. Glicose no sangue! Vou repetir a dose.
Combinamos que ela entregaria a Coca no Km 33.
Local combinado com o Daniel, nosso treinador, para a entrega da batata cozida com sal.

7:30. Largada

12.000 pessoas. 4.000 para a maratona e 8.000 para a meia maratona.Muita gente.



Começa a passar novamente um filme na minha cabeça.
De tudo que superei. Muita persistência.
Agora não terão mais imprevistos...
Estou me sentindo muito bem. Relaxado.
Vou curtindo o percurso.
Começa a chover. Vento. Frio.
Vou fazendo os kms dentro do planejado.
Que cidade bonita.
Km 8. O pessoal da meia maratona volta. Nós continuamos. Tem chão pela frente.
Vamos passando por vários pontos turísticos.
Já os tinha conhecido no city tour de sábado.
Foi bacana ter passado por esses pontos já sabendo a história.
Os atletas vão saudando os outros. Muita gente de vários países.
Vamos Brasiiiiiil. Gritavam pra mim.
Lembrei que nas costas de minha camiseta tinha uma bandeira do Brasil.
Vou fazendo amigos pelo percurso. Equatorianos, Uruguaios, Paraguaios, Mexicanos, ...
Pessoal que estava no mesmo ritmo que eu.
Que ótima oportunidade para treinar meu espanhol!
Tinha tempo de sobra para isso durante a prova.
Km 11. Renata grita pra mim. Estava muito bem. Pose para a foto.



Km 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, ...
Palermo, La Recoleta, Centro, Casa Rosada, La Boca, Caminito, ...
Excelente maneira para conhecer Buenos Aires.


Percurso da Maratona

Posto de frutas. Não vou arriscar a comer.
Banana? Escorrega. Todo mundo deslizando nas cascas jogadas no chão.
Como estou bem! Até que foi gostoso correr na chuva.
Puerto Madero. Abre o sol.
Km 28. 3:00 de prova. Renata novamente grita pra mim. Beijos para a foto.


Falo para ela: -nos encontramos no Km 33.
Que ótimo. Está tudo dentro do planejado. Não estou com dor.
Muita gente andando, parando para alongar.
Km 33. Cadê a Renata? Pergunto ao treinador. Ela ainda não chegou.
O trânsito está todo parado. Maior confusão.
Dou adeus à minha Coca-Cola e a foto tomando o lanche.
Como a batata com sal e algumas uvas passas. Uma delícia.
Continuo muito bem. Muito diferente das outras duas maratonas.
Vejo o cronômetro, faço contas.
Se acelerar um pouco, termino a prova em menos de 5:00.
Vou acelerando. Nenhuma dor, só pensava em coisas boas...
Jantar na churrascaria, alfajores, doce de leite, ...
Passo muita gente e me surpreendo com a minha performance. Era para ser o contrário.
Km 36, entramos em um parque.
- É o Patrick? Pergunta uma amiga aqui de SP e seu treinador.
- Sou eu mesmo!
- Parabéns. Força. Tá acabando.
Que incentivo!

Continuo acelerando gradativamente.
Km 40, falta pouco.
Deu uma tontura.
Penso: quebrar no km 40 é demais.
Diminuo até o km 41. Falta só 1!
Sprint até o final.
Daniel, treinador, corre alguns metros comigo.
Vamos, falta muito pouco.
- Pergunto novamente. - Cadê a Renata? Não vi.
Esqueci dos 195 metros, parece uma eternidade. A maratona tem 42.195 metros.
Vejo o pórtico: LLEGADA.
Acelero. Vai dar em menos de 5:00
Emocionante.
A Renata deve estar no meio dos fotógrafos. A gente já tinha combinado isso.
Faço pose para a chegada.
Tenho que sair bonito na foto.

CHEGUEI. MUITO FELIZ, e... Inteiro!



Foto oficial da prova (tá bem feia, mas é a única!)




4:58 no meu relógio.
5:00:41 no oficial.
Se não tivesse parado 5 vezes pro xixi daria uns 4:30!



SAGA 4, cadê a Renata?

Bate o cansaço.
Sento no chão.
Parece um campo de batalha.
Nem dá para alongar.
Agora está doendo tudo.
A Rê deve estar por aí.
Fome, sede, ...
10, 15, 20, 30 minutos esperando.
Vou embora. Ela não deve ter conseguido chegar.
Só tinha 12 pesos comigo.
Não vai dar para pagar o táxi até o hotel. Vou descer antes e ando.
Táxi?
Os poucos que passavam estavam cheios.
Ando, ando, ando...
Encontro uns brasileiros também a procura de táxi.
Andamos, andamos, andamos...
Conseguiram uma espécie de rádio táxi.
Como estavam em 8, não deu para mim.
Paciência.
Ando, ando, ando.
Que fome.
Depois de quase uma hora andando, chego em uma avenida.
Medalha no peito. Estava feliz. Mesmo tendo andado muito.
Deixo o braço esticado. Se passasse um táxi vazio iria parar para mim.
10, 15, 20 minutos e nada.
Para um carro. Um casal na frente e uma filha pequena atrás.
Perguntam para onde eu estava indo.
- Centro. Respondo.
Entra. A gente te leva.
Como assim?
Analiso rapidamente a situação:
Assalto, seqüestro relâmpago, estupro, ... sei lá. Vou arriscar!
Vou batendo papo com eles. Super simpáticos.
Perguntei por que tinham me oferecido carona.
Falaram que passaram na avenida e tinham vários outros atletas esperando.
Viram minha cara de cansaço e resolveram ser solidários!
Até me convidaram para almoçar. Agradeci.
Me deixam na porta do hotel. Serviço VIP. Fantástico. Ainda economizei 12 pesos!

SAGA 5, final


Bom, a Rê já deve estar lá no quarto preocupada.
Subo e ela não atende. Que estranho.
Desço, pego a chave. Ela não está mesmo.
Preocupação. Deve estar no trânsito. Daqui a pouco ela chega.
Subo, tomo banho de banheira. Que delícia.
Vou me vestir e ligar para ela.
Mala trancada com cadeado.
Roupa, carteira, celular. Tudo lá dentro. A chave ficou com a Rê.
E agora? De toalha não dá para sair. Atentado ao pudor!
Vou esperar mais um pouco.
Uma hora depois ela chega completamente esgotada.
Parecia que tinha corrido a prova comigo.
Ficou presa no trânsito, andou muito, correu muito.
Não conseguiu chegar nos pontos e nos horários que combinamos.
Paciência. O importante foi a companhia, antes, durante e depois.
E claro, a incrível emoção de terminar a minha 3ª maratona e o registro de toda essa aventura inesquecível.



Segunda-Feira. Só Alegria.


Obrigado a todos que direta ou indiretamente me apoiaram a conquistar
mais um sonho!



Só para finalizar. Esse foi o anúncio publicado nos jornais de segunda-feira.
O texto e a foto resumem tudo!



MARATONA DO RIO DE JANEIRO, Junho de 2008

Grande desafio pessoal...
Preparação durante anos, meses, semanas...
Corpo e mente...
Total sintonia...
Disciplina...
Alimentação...
Suplementação...
Musculação...
Yoga...
Treinar, treinar e treinar...

Família, amigos, trabalho...
Alguns não entendem...
Mas torcem de qualquer maneira...
Treinar, treinar e treinar...

Cansaço, dores, fome, sede...
Ácido lático. Como queimam as pernas...
Como suportar?...
Preguiça e ansiedade?...
É melhor não lembrar dessas palavras...
Choppinho com os amigos? Esquece...
Treinar, treinar e treinar...

Está chegando o dia...
Descanso: ah, é só um trotinho de 18 km!...
Carboidrato, hidratação, suplementação...
Dores...
Bolhas nos pés...
Dúvidas...
Será que consigo terminar?...
Frio na barriga...
Adrenalina...
Viagem...
Agora não dá mais para desistir...
Que insônia...



Domingo, 29 de junho de 2008, 8:00...
Praia da Macumba (Praça do Pontal do Tim Maia), RJ...


Como é longe...
Nem o taxista sabe aonde é...
R$ 68,00 até lá...

Adrenalina...
Frio na barriga...
Concentração...
Largada...
Pressa? Não posso ter...
Deixo tudo mundo passar por mim...

42.195 metros de asfalto fervendo pela frente...
Os primeiros 21 km...
Praticamente em uma reta...

Sol...
Sombra? O que é isso?...
Calor...
Sede...
Será que vai ter água gelada?...

Km 5 ao 15, Reserva Ecológica...
Que lugar lindo e sossegado...
10 km escutando apenas os sons da passada, da respiração e do mar...

Índio correndo descalço passa por mim ...
Será que estou alucinando?...
Tiozinho correndo de chinelo velho de dedo e carregando uma sacola de supermercado me passa também...
Agora enlouqueci de vez...
Tênis de R$ 500,00 com amortecimento?...
Tipo de pisada?...
Não precisa disso!...

Fome...
Carboidrato em gel...

Km 21, 2h33 correndo...
Estou bem...
“Só” faltam 21 km...
Ué, cadê os banheiros?

Vou acelerar...
Quero terminar em menos de 5h00...
O que? 5h00 correndo?...
Pra que?...
Vai ganhar alguma coisa?...
Não dá para explicar para quem não corre...
Acham que somos malucos...

Km 24...
Túnel do Joá...
Ninguém me disse que tinha túnel nesse trecho...
Tudo escuro na entrada...
Imagina se eu tropeço agora...
Curvas em desnível...
É estranho correr assim...
Pés para um lado e corpo para outro...
Sombra, sem trânsito, barulho do mar...
Que delícia...
Descidinha...
Sensação de felicidade...
Empolgação...
Faltam “só” 18 km!...

Posto de água: quente!...

Praia de São Conrado...
Que dia lindo...
Bem que eu podia estar no mar pegando uns jacarés...
Vou terminar a prova e ir à praia...

Subida da Av. Niemeyer...
Essa eu já conheço...
É moleza...
Percebo que não é depois de correr 26 km...
2 km subindo...
Não termina mais?
Passo o km 30...
Sinto-me cansado...
Ih, será que agüento até o final?...
Só faltam 12 km...

Km 32...
Ganho de um dos meus treinadores um copo com batatas cozidas e sal...
Deliciosas!...

Que trânsito...
Leblon, Ipanema, Copacabana...
Somente uma faixa para os corredores...
Carros, ônibus, caminhões de som, bicicletas, carrinhos de bebê, passeatas, manifestações...
Muita, muita gente...
Concentração? Já era...

Amigos aparecem de repente na minha frente...
Uns fazem festa para mim...
Outros correm também de chinelo ao meu lado...
Outro grita e acena da janela do hotel...
Que incentivos!...
Fazem muita diferença...

Km 34, queimação nas pernas...
O temido ácido lático...
Ando ou não ando?...
As bolhas nos pés já começam a incomodar...

Que horas são?...
12:45...
4:45 de prova...
Não vou conseguir terminar a prova em menos de 5h00...
Paciência...
Nem vai dar tempo de ir à praia para pegar jacaré...

Pôxa, venho ao Rio e não vou à praia?...

Está chegando...
Os músculos da perna queimam insuportavelmente...
Vou andar...
Ando, corro, ando, corro...

Trecho sem praia...
Túneis abafados e escuros...
Dá até tontura...
Km 39...
Faltam “só” 3 km...
Penso: uma “voltinha” na pista do Ibirapuera...
Agora tenho que correr até o final para sair bonito na foto...

Olho para a direita...
Que linda a vista para o Pão de Açúcar...

Meus treinadores me encontram...
Correm comigo os últimos 2 km...
Era o incentivo que faltava para o final!...
Passo pela a tenda da Run&Fun, minha assessoria esportiva...
Tem pouca gente por lá...
Os que estão fazem festa...
Vamos, vamos, você é campeão!...
Só consigo esboçar um sorriso...
Estou esgotado...

Vejo o pórtico da chegada...
Apenas algumas pessoas desconhecidas assistindo...
Mesmo assim fico arrepiado...
Muitos fotógrafos...
Estou chegando, chegando, chegando...
Muita, muita emoção...
Cheguei...
Paro o cronômetro...
5h14 de prova...
Pergunto pra mim mesmo: Qual é a próxima?



...

Vencer o desafio pessoal de correr e completar a Maratona do Rio de Janeiro...
Considerada uma das provas mais bonitas e difíceis do mundo...
Olhar o pórtico da chegada depois de mais de 5h00 correndo...
Receber a medalha de participação e...
Contar essa história pra todo mundo...

NÃO TEM PREÇO!


Esse texto é apenas uma pequena forma de compartilhar com vocês a minha emoção e agradecer a todos que me ajudaram direta ou indiretamente a conquistar essa grande vitória pessoal.

Beijos e Abraços a Todos.

MARATONA DE PORTO ALEGRE, Maio de 2006

Pessoal,

Depois de todo sofrimento, posso falar que agora sou um maratonista.

Realmente é pauleira correr 5 horas. É isso mesmo: 5 horas e 4 minutos (foto, painel da esquerda)

Até o pessoal de ponta me parabenizou, inclusive teve um da Run&Fun que chegou em 10º lugar e levou troféu e prêmio em dinheiro.

Mas voltando ao assunto, vim curtindo a prova e o percurso até o 21, fazendo tudo o que estava previsto, mantendo o meu tempo e foi quando que começou o sofrimento.

Com muitas dores no glúteo, não conseguia aumentar o passada e tive que reduzir um pouco a velocidade (que já era baixa).

Desse trecho até o 27, era em uma avenida que beirava o rio, ventava muito e CONTRA, então o esforço foi duplo. Além disso, do outro lado da avenida eu via todo mundo voltando, mas eu ainda tinha MUITO chão pela frente.

O Mario, a Suzana (mulher do Mario e minha nutricionista) e a Renata minha mulher estavam no km 30 (3:30 de prova!!!) dando batatas cozidas com muito sal (que por sinal estavam deliciosas), foi quando falei: Mario, tô muito cansado e ele comentou: agora é na raça, comemore cada km vencido (vejam a foto).

Lá fui eu, já com outras dores, cansado, não sabendo o que seria da minha performance depois dos 30 (a gente não treinou mais que isso) e sabendo que tinha mais 1 hora e 20 de prova.

Fui levando no trotinho e suportando as dores até o 36 que foi quando começaram as câimbras, primeiro na coxa direita. Parei, alonguei e continuei meio capenga.

SURPRESA: quando olho para a esquerda, vejo a van do resgate/lixão atrás do último colocado, esse sim, parecia "bandeira de pirata" (essa expressão é do Mario): SÓ PANO E OSSO. Aí deu um desespero, não queria terminar a prova na van do lixão.

De repente, nova câimbra, agora na panturrilha, andei uns 10 metros, continuei mais capenga ainda, e por incrível que pareça começa a câimbra na outra coxa, na outra panturrilha e isso foi acontecendo até o 38: as câimbras vinham, eu andava um pouco para amenizar a dor e voltava a correr (não sei se posso chamar aquilo de corrida).

No 39 apareceu o André de bicicleta e a presença dele foi fundamental, dando incentivo, falando para esquecer a técnica (já viram isso???) e que o momento era somente de força.

Quando cheguei no funil da chegada, já não tinha quase ninguém (também, ninguém fica 5 horas esperando alguém chegar) e tinha planejado em fazer uma festa para mim mesmo, pular, gritar, sei lá, era pra desabafar, mas não tinha força para mais nada, (fotos). Tinha que pegar a medalha, as frutas e o bolinho (foto) que tava delicioso, e ir embora, porque tava todo mundo com fome e me esperando para pegar a van para o hotel.

Agora posso falar uma coisa. Vale muito a pena, recomendo a todos. É um exercício de paciência, perseverança, total auto-conhecimento e com certeza, a frase que escutei em um dos treinos é totalmente válida:

A DOR PASSA, O ORGULHO É QUE FICA.

Valeu a companhia de todos nos treinos e nos vemos nas próximas semanas (não consigo nem andar, tá tudo doendo.

Abraços e beijos a todos.